quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Le goût des glacés

Le goût des glacés
Anne Poiré
Ilustrações Les Guallino (Anne Poiré e Patrick Guallino)
Le Verger des Hespérides (2010)


Um romance intenso, imerso de nostalgia. A sua leitura de tão viciante incorpora a realidade, sentimo-lo na primeira pessoa na personagem Esmeralda (cor da esperança) e também Stella (estrela), uma dualidade na mesma identidade.
É com ela que mergulhamos na sua escrita em forma de diário, nela espiamos o seu desespero   Eu estou sozinha. O tempo todo. O meu silêncio exaspera.” (...)"Os da minha idade não sofrem” (pág. 7).
O design sugestivo apela à leitura. Desde a capa onde uma adolescente magríssima se olha disforme. Os seus olhos psíquicos não a deixam ver a realidade espelhada. Um mau estar, visível na escrita de pensamentos desconstruídos em busca de um sentido para a vida. Por isso mesmo nos revemos nos maus estares da personagem ou nos sentimos intrusivos enquanto leitores, a invadir os seus pensamentos frutos do sofrimento.
O Layout gráfico, no formato de paginação e margens, com ilustrações de pequenos desenhos, quase como rabiscos artísticos e filiformes que acompanhamos nos nossos diários, remetem para um caderno ou diário escrito por uma adolescente.
Na leitura das páginas acompanhamos a personagem num desafio à vida atormentada por um desaparecimento prematuro da sua mãe. Uma mãe perfeita, idealizada perante a perda e um pai despedaçado pela privação que se refugia no seu ateliê de pintura.
Na busca incessante de significado para a sua vida, ela apresenta-nos fragmentos desta que giram em torno de si própria.  
Negro, índigo, rosa, magenta, fúchsia, laranja, podem ser a cor dos dias mas também podem oscilar entre fogo de artifício, cães e lobos ou dias escorregadios, não são dias de calendário mas dias repletos de sentimentos.
No confronto dos seus dias um desafio de uma professora diferente “um filtro que os outros professores não tiveram a ideia de utilizar” (pág. 25) “há alguém ainda, (...) que me vê um pouco”. (pág. 25), incita na  busca da sua autobiografia, confrontando-se com a história dos antepassados, segredos de família, num cenário trágico da história francesa e germânica do século XX.
Nas suas pesquisas procura o sentido da sua árvore genealógica em simultâneo com um sentido para a sua existência, confrontando a história e as sombras do passado da sua própria família.
Sentimo-nos perante um diário na confrontação dos pensamentos no decorrer dos dias. Em discurso direto, uma narrativa íntima, na voz de uma personagem fictícia (?), que ressoa incrivelmente real.
Anne Poiré numa escrita sensível, fértil nas palavras, transporta-nos a questões ligadas ao desenvolvimento, como anorexia, bulimia, morte, passado e presente. Um aperto comovente perante a vida e as suas ambiguidades.
“(...) Quarta-feira antracite
Aqui está o que pertence à história, e este é o meu passado.
Infelizmente.
Beber todas essas páginas da família, eu nunca me sacio perante tais informações. Cada detalhe me perturba. (...)” (pág. 104)
Cenas de um palco íntimo, testemunha de metamorfose de vidas com que nos identificamos tantas vezes.  
Uma narrativa embebida de diferentes sabores, nela espelhamo-nos nas fraquezas e nas forças, a questão da vida contínua onde se tenta sobreviver.

Para saber mais sobre a autora podem visitar: http://annepoire.free.fr/ ou adquirir o livro através de anne.poir@wanadoo.fr 


Elvira Cristina Silva

in: Revista Educação inclusiva Vol.6 nº 1 - junho 2015



La traduction,pour cher amie Anne Poiré:

"Un roman intense, immergé dans la nostalgie. Sa lecture tellement addictif intègre la réalité, nous nous sentons dans la première personne dans le caractère Emerald (de couleur de l'espoir) et aussi Stella (Star), une dualité dans la même identité.
Il est avec elle que plongé dans son écriture sous forme de journal, il regarda à votre désespoir. "Je reste toute seul. Tout le temps. Mon silence m´ exaspère. "(...)" Ceux de mon âge ne souffrent pas " (p. 7).
Le design évocateur appelle pour la lecture. Le couverture avec une adolescent qui se recherche difforme. Vos yeux psychiques ne laissent pas voir la réalité en miroir. Un mal-être, visible dans l'écriture pensées déconstruit à la recherche d'un sens à la vie. Ainsi, même en mauvais nous passons en revue les portes du caractère ou sentons intrusive que les lecteurs, à envahir les fruits de pensées souffrant.
La présentation graphique, le format et les marges de pagination, de petits dessins de personnages, presque comme art et filiformes gribouillis que nous suivons dans notre quotidien, se référer à un cahier ou un journal écrit par un adolescent.
En lisant les pages suivent un personnage dans un défi à la vie tourmentée par une mort prématurée de sa mère. Une mère parfaite, idéalisée avant la perte et d'un père brisé pour la privation qui se réfugie dans son atelier de peinture.
Dans la recherche de sens pour la vie, elle nous donne des fragments de ce tournant autour de lui-même.
Noir, indigo, rose, magenta, fuchsia, orange, peut être la couleur de jours, mais peut aller de feux d'artifice, les chiens et les loups ou les jours glissants, non jours calendaires mais les jours pleins de sentiments.
Dans la comparaison de sa vie un défi d'un professeur différent "Un feutre que les autres profs n´auraient pas l'idée d'utiliser" (p. 25) «il y a encore quelqu'un, (...) qui me voit un peu." (p. 25), demande instamment la poursuite de son autobiographie, des affrontements avec l'histoire des ancêtres, secrets de famille, un scénario tragique de l'histoire française et allemande du XXe siècle.
Dans sa recherche, explore le sens de l´arbre généalogique avec un sens de son existence, face à l'histoire et les ombres du passé de sa propre famille.
Nous sommes confrontés dans le quotidienne des pensées. Dans le discours direct, un récit intime dans la voix d'un personnage de fiction (?), qui résonne incroyablement réel.
Anne Poiré avec une écriture sensible, riche en mots, nous emmène dans les questions de développement, tels que l'anorexie, la boulimie, la mort, le passé et le présent. Une poignée se déplaçant vers la vie et de ses ambiguïtés.
"(...) Mercredi anthracite
Voilà qui appartient à l'histoire, et c´est mon passé.
Hélas.
Gorgée de toutes ces pages familiales, jamais je ne me rassasierai de pareilles informations. Chaque détail me bouleverse. (...) "(p. 104)
Scènes d'un stade intime, la métamorphose témoin vit nous nous identifions avec si souvent.
Un récit imprégné de saveurs différentes qui nous inspiré sur les faiblesses et les points forts, la question de la vie continue dans la tentative de survivre.

Pour en savoir plus sur l'auteur peut visiter: http://annepoire.free.fr/ ou acheter le livre à travers anne.poir@wanadoo.fr 

2 comentários:

Anne Poiré disse...

Merci pour cette lecture qui fait voyager "Le goût des glaces" !
Un grand sourire.

Anne Poiré

EC disse...

Merci ma cher amie. Très heureux pour avez-vous aimé l'article. Je ai adoré le livre.

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Os livros que se seguem apresentam as minhas opiniões sobre os mesmos. Exclusivamente o meu "ponto de vista". EC

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